Hoje, dia 02 de abril, celebramos o Dia Internacional da Conscientização do Autismo. No mundo inteiro, a data é promovida para dar visibilidade às pessoas com TEA e contribuir para a inclusão dos indivíduos autistas nas comunidades e na sociedade, seja combatendo o preconceito ou incluindo a pauta da neurodiversidade nos debates públicos. Entretanto, para nós, profissionais da Análise do Comportamento, a celebração do 02 de Abril vai além. Esta data precisa ser entendida também como a celebração dos tratamentos efetivos e com base em evidências científicas ou, por que não, até mesmo defesa dos mesmos. Afinal, nosso trabalho enquanto Analistas do Comportamento não está desconectada da realidade do mundo em que vivemos. Por isso, precisamos entender o contexto ao nosso redor, suas contradições e os desafios impostos à comunidade científica colocados internacionalmente e, claro, no Brasil. A difusão de tratamentos para o TEA sem nenhuma base científica, que vão desde métodos milagrosos às promessas de cura, não podem ser ignorados. Muito pelo contrário, devem ser combatidos com a divulgação de informações de alta qualidade aos pais, familiares e cuidadores, além da formação e capacitação de profissionais qualificados. Cabe a nós, integrantes da comunidade científica nacional e internacional, que estuda procedimentos científicos aplicados ao TEA, liderar esse processo. Esse compromisso é uma questão de ética e responsabilidade profissional. Ao defendermos o direito ao tratamento efetivo, estamos também defendendo políticas públicas baseada em leis já existentes tais como o Estatuto da Pessoa com Deficiência (13.146/15), que estabelece o direito às pessoas autistas a um diagnóstico precoce e um tratamento adequado. Por conseguinte, é também uma questão de saúde física e mental e de inclusão social, pois sabemos quais são os piores cenários possíveis que se desvendam após anos de intervenções ineficazes, fruto da irresponsabilidade de profissionais antiéticos ou da tentativa de transformar a preocupação de famílias em um negócio lucrativo. Os Analistas do Comportamento com competência para intervenção em TEA têm como prioridade máxima o bem estar psicológico e social de autistas e seus familiares.
Por isso, o Dia Internacional da Conscientização do Autismo é um dia em que celebramos a neurodiversidade sem esquecer que uma inclusão de verdade só acontecerá quando construirmos uma sociedade que respeite todas as individualidades e que acolha as particularidades de cada um. Mas também é um dia de celebrarmos a ciência, os princípios éticos e a intervenção efetiva e de lembrarmos nosso papel enquanto profissionais da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Texto produzido por Mylena Lima, conselheira fiscal da ACBr.